No capítulo anterior, descobrimos que um ciclo completo da matéria requer a presença simultânea de doze Partes Cósmicas evoluindo no anel da matéria, de modo a não permitir qualquer quebra no ciclo, que portanto está naturalmente destinado a se tornar eterno.

 

Este conhecimento aparentemente novo resulta de confirmações dadas na Mensagem ou de deduções lógicas estabelecidas a partir de sua elaboração.

 

Abdruschin especifica sobre o número 7, símbolo da Vontade:

 

“...são sete degraus ou divisões principais no puro espiritual, que denomino Criação primordial, como também existem mais adiante, nas matérias, sete partes do Universo.

 

Encontrareis em todos os lugares a divisão por sete, como fato natural, onde age a vontade de Deus, a qual também tem no seu próprio nome o número sete: Imanuel” (Dissertação n°16 §3 e 4 “Os planos espirituais VI” – Ressonâncias II da Mensagem do Graal – Abdruschin).

 

Portanto, pode-se pensar que existem realmente apenas sete Partes Cósmicas na matéria, nem uma a mais. Como pode ser que sejam 12 (7 + 5)?

 

Agora, se admitirmos que, na Vontade, sete Partes Cósmicas já estão espiritualizadas no grande ciclo da matéria, não seria lógico reconhecer que, no Amor, cinco Partes Cósmicas virgens podem realmente estar em formação?

 

As sete Partes Cósmicas espiritualizadas vibram com a Vontade de Deus, Imanuel, enquanto as outras cinco Partes vibram, por sua vez, no Amor de Deus, que em seu próprio nome também leva o 5, no nome de Jesus como no nome Maria.

 

Podemos assim representar a Vontade e o Amor, no grande ciclo da matéria:

 

 

O 7 é a Vontade, o 5 é o Amor e o todo é o 12. Este resultado é uma chave ou uma confirmação deste novo conhecimento sobre as Partes Cósmicas.

 

Na verdade, o 7 e o 5 podem até ser consequência desse fato, e não a base. Por quê? Porque, como já foi dito, a Cruz, e a Criação que se formou em torno dela, vêm de uma construção binária, que se baseia no 2, e em todas as suas nuances, no 12.

 

O 7 é aqui a consequência deste ciclo completo da matéria, onde sete Partes Cósmicas são simultaneamente espiritualizadas, nem uma a mais, nem uma a menos.

 

Para ilustrar nosso ponto de vista, representemos as doze Partes Cósmicas, não em doze pequenos discos dispostos no anel como fizemos até agora, mas em doze fatias do anel, a fim de sermos o mais precisos possível com este conceito. Atualmente, as Partes Cósmicas no ciclo da matéria poderiam estar nesta posição:

 

 

Quando seis Partes tiverem passado a transição cósmica e, portanto, já tiverem sido espiritualizadas e até mesmo julgadas, então a sétima (aqui Éfeso) já está pronta no ciclo e começou a receber sementes espirituais para sua evolução.

 

De fato, vamos supor que a Terra está à frente de Éfeso, em sua ponta. O início de Éfeso, atualmente no nível da transição cósmica, é, portanto, espiritualizado.

 

Da mesma forma, podemos afirmar que Éfeso é uma das grandes Partes Cósmicas já espiritualizadas, embora atualmente tenha apenas um pequeno planeta habitado. Basta que seja: é a lei do "tudo ou nada". Com esta lei, portanto, há sempre sete Partes Cósmicas espiritualizadas em um ciclo.

 

Vamos agora apresentar outra imagem, ainda mais precisa, para melhor compreender a noção.

 

 

Perceba que Éfeso (nº7) se encontra em ambos os lados da transição cósmica: a metade de Éfeso que está após a transição cósmica é espiritualizada, a metade que está antes dela, ainda não.

 

Para a Parte Cósmica n°1 é o contrário, sua metade que está localizada antes do funil ainda está espiritualizada, a metade que está depois não é mais, porque foi transformada na semente virgem original para outro ciclo.

 

Podemos aqui reafirmar que, entre as doze Partes Cósmicas do ciclo, temos de fato sete Partes que são simultaneamente espiritualizadas (n° 1 a n° 7) e cinco que não o são (n° 8 a n° 12).

 

Agora, graças a este diagrama, podemos trazer também um desenvolvimento complementar: neste grande ciclo eterno da matéria, a primeira metade do ciclo é principalmente dominada pela entealidade que ajuda na formação das Partes Cósmicas, enquanto a segunda metade é dominada pelo espiritual que, através dos germes espirituais, deve dirigir a força promotora para o enobrecimento de toda a matéria.

 

 

Abdruschin especifica que, “Nesse penetrar, por sua constituição superior, toma naturalmente logo nas mãos a direção de tudo, e pode então conduzir o corpo por ela habitado, bem como todo o seu ambiente terreno, ainda a um desenvolvimento contínuo, o que o enteal não teria conseguido.” (Dissertação n°81 §60 “Pai, perdoai-lhes; pois não sabem o que fazem!” – Mensagem do Graal – Grande Edição – Abdruschin)

 

Também encontramos essa noção durante a gravidez. Sua primeira metade é dominada pela entealidade que participa ativamente da formação do corpo terreno do bebê. A sua segunda metade é dominada pelo espiritual, devido à penetração do espírito no corpo que o põe em movimento, como hospedeiro.

 

 

“O processo de descida dos germes espirituais realiza-se sem interrupção para a Criação”. (Dissertação n°29 §14 “Germes enteais” - Ressonâncias II do Mensagem do Graal - Abdruschin)

 

Isso tem um grande significado: quando uma Parte Cósmica não pode mais receber germes espirituais, devido à sua hipermaturidade, é imediatamente a próxima Parte Cósmica que toma seu lugar para receber os germes.

 

A Mensagem nos ensina que “Partes da Criação, porém, estão sempre prontas para poder receber germes espirituais que já atingiram a consciência do existir, mas que para obterem a autoconsciência precisam primeiro desenvolver-se na vivência”. (Dissertação n°29 §17 “Germes enteais” - Ressonâncias II do Mensagem do Graal - Abdruschin)

 

Essas Partes prontas são as cinco Partes em preparação que seguem Éfeso.

 

Atualmente, a própria Terra não pode mais receber novos germes espirituais:

 

“No desenvolvimento natural do todo, desde muito já foi tirada qualquer possibilidade de os germens espirituais que anseiam pela conscientização poderem encarnar-se neste plano terreno superamadurecido, pois levariam demasiado tempo para sair ainda a tempo desta materialidade como espíritos conscientes de si próprios.” (Dissertação n°63 §23 “Eu sou a ressurreição e a vida; ninguém chega ao Pai, a não ser por mim!” – Mensagem do Graal – Grande Edição – Abdruschin)

 

Além disso, deve-se entender que um dia, o Éfeso inteiro também não poderá mais receber germes, logo será a seguinte Parte, nº 8, que assumirá, a fim de garantir a continuidade do ciclo, sem qualquer interrupção:

 

 

De acordo com o ensino da Mensagem, “Se esse ponto de uma parte do Universo, em seu avanço, tiver sido ultrapassado, cessa então para ela a possibilidade de fecundação espiritual por germens espirituais, enquanto que a que se segue chega ao lugar dela, para ela, no entanto, inicia-se uma nova fase, em que espíritos em amadurecimento podem encontrar acesso, e assim por diante.” (Dissertação n°82 §10 “Deuses – Olimpo – Valhala” – Mensagem do Graal – Grande Edição – Abdruschin)

 

Nesse dia, a Parte que denominamos 8, terá então um nome, que certamente será dado pelos guias do Puro Espiritual, pois este último terá sido semeado pelas primeiras sementes espirituais…

 

A mensagem especifica ainda que “Em fenômeno natural, o curso dos germens espirituais só encontra aquelas partes do Universo que nisso têm uma espécie igual, onde as necessidades de desenvolvimento requerem exatamente o mesmo tempo que um gérmen espiritual precisa para o pleno desenvolvimento, mesmo nos casos mais demorados. Somente espécie igual do degrau de desenvolvimento dá caminho livre ao gérmen espiritual, ao passo que um amadurecimento mais adiantado de uma parte do Universo estabelece barreiras totalmente inacessíveis aos germens espirituais imaturos. Também nisso fica de todo impossível a censura de uma injustiça e de uma falha.” (Dissertação n°63 §23 “Eu sou a ressurreição e a vida; ninguém chega ao Pai, a não ser por mim!” – Mensagem do Graal – Grande Edição – Abdruschin)

 

E é assim que o ciclo se torna eterno... Novas Partes Cósmicas n°9, n°10, n°11, n°12, já em preparação, e certamente além do n°13, n°14, n°15, etc., resultante para estes da regeneração das Partes Cósmicas que passaram pelo funil de decomposição, pode por sua vez estar pronto para receber germes espirituais.

 

“O circular, então, prossegue mesmo assim tranqüilamente também com essa matéria original para, na nova ligação que então se segue, formar outra vez novas partes do Universo, as quais trazem em si energias virginais intatas.” (Dissertação n°63 §13 “Eu sou a ressurreição e a vida; ninguém chega ao Pai, a não ser por mim!” – Mensagem do Graal – Grande Edição – Abdruschin)

 

Para concluir este estudo, devemos agora estudar as diferentes possibilidades de evolução das Partes Cósmicas.

 

Sabemos que as sete Partes já espiritualizadas estão mais ou menos escurecidas e pesadas, ou seja, mais ou menos próximas da Luz, por causa da conduta e das ações dos espíritos humanos sobre cada uma dessas Partes.

 

Isso resulta inevitavelmente em uma evolução que pode ser totalmente diferente de uma Parte para outra, dependendo da elevação espiritual que aí reina.

 

Vamos estudar as duas evoluções possíveis, para baixo ou para cima.

 

No primeiro caso, a Parte Cósmica não foi elevada, ou seja, enobrecida pelos germes espirituais que a colonizaram. Não apenas os últimos estão completamente perdidos na matéria e são incapazes de retornar ao seu verdadeiro lar, o Paraíso, mas também a Parte Cósmica em questão, e os espíritos que estão assim acorrentados lá, são consequentemente forçados a se submeter, após o ponto de inflexão cósmico, ao processo lento de decomposição, que pode durar tanto quanto o processo de formação, bilhões e bilhões de anos. Este é o curso cíclico normal da matéria, não elevado e enobrecido. Lembremos o exemplo da maçã que leva meio ano em seu ciclo para se formar e outro meio ano para se decompor. Do pó, a matéria naturalmente se torna pó novamente. É a lei.

 

O que significa, para o espírito humano que não terá se libertado desta matéria sujeita a decomposição, um destino desastroso, resumido na Mensagem a seguir:

 

“Para a seara dos espíritos humanos chega, porém, a ceifa, a colheita, e com isso a separação. O que estiver maduro será elevado para a Luz pelos efeitos de leis naturais que permitem que seja tirado pouco a pouco o invólucro de matéria fina, a fim de que o espírito liberto disso se eleve conscientemente ao reino da igual espécie, de tudo quanto é eterno-espiritual. O que não prestar, porém, será retido na materialidade, devido à densidade de seu corpo de matéria fina, por ele próprio desejada. O destino desses é então tal que seu corpo de matéria fina fica sujeito às alterações que se iniciam na materialidade, devendo nela sofrer dolorosíssima decomposição milenar. A amplitude de tal tormento estende-se por fim ao espírito humano de tal modo, que este perde a autoconsciência. Desintegra-se com isso, por sua vez também, a forma da imagem de Deus, a forma humana, adquirida através da consciência. Após a desintegração total do que é material, retornando à matéria original, torna-se outra vez livre a partícula espiritual agora inconsciente e se eleva de acordo com a sua espécie. Contudo, não volta como espírito humano consciente, mas como semente inconsciente, que um dia reiniciará todo o seu percurso em uma nova parte do Universo, devido a um novo anseio que desperta.” (Dissertação n°63 §25 “Eu sou a ressurreição e a vida; ninguém chega ao Pai, a não ser por mim!” – Mensagem do Graal – Grande Edição – Abdruschin)

 

Abordemos o segundo caso de evolução de uma Parte Cósmica, mais favorável.

 

Neste caso, a Parte Cósmica foi elevada e enobrecida pelos germes espirituais que a colonizaram. Esta Parte espiritualizada, luminosa e pura não irá sofrer, após a transição cósmica, o processo clássico de decomposição. Na verdade, pode durar e até receber espíritos humanos voluntários por muito mais tempo.

 

É assim que Partes Cósmicas, como Esmirna ou Tiatira, que têm uma constituição mais leve, poderiam no ciclo, ainda hoje, acolher espíritos humanos maduros, livres, luminosos e voluntários, com vistas a enobrecer, edificar e construir, à própria imagem do Puro-espiritual.

 

Temos uma descrição dessas diferenças constitucionais na história “IS-MA-EL, precursor do espírito da Verdade através das sete Partes Cósmicas da Criação”:

 

“É assim que o 'firme' ou o 'sólido' é o que o homem terrestre chama de 'terra'. Comparada com a noção conhecida em Éfeso e na Terra, esta se apresenta em Tiatira em uma constituição completamente diferente. Porque sua força de radiação, sua densidade, sua cor e sua massa são bem diferentes, e o conceito terrestre só pode circunscrevê-la, sem poder dar-lhe um nome.

 

Enquanto em Esmirna as massas se assemelham a um fino material sedoso, elas estão em Tiatira com uma suavidade que lembra gelatina. Todos os seres que podem se desenvolver e se mover também estão naturalmente relacionados a essa delicadeza, essa delicadeza e essa leveza. Seres mais pesados e massivos não podiam suportar o esforço dos raios penetrantes e os movimentos do ar.” (IS-MA-EL, precursor do espírito da Verdade através das sete Partes Cósmicas da Criação – Edição Die Stimme – livro n°1 à 5 – 1937)

 

Tomemos agora nosso exemplo da maçã novamente. Se, depois de madura, estiver protegida das intempéries (chuva, vento, sol, frio, etc.) e for mantida pelo homem em local adequado, pode permanecer saudável por muito mais tempo do que se fosse permanecer na natureza.

 

Pegar uma maçã é um ato espiritual que mostra em pequena escala que os humanos podem, em grande escala, conservar e proteger a matéria. A proteção do nosso planeta Terra também faz parte dela.

 

Em tese, isso significa que uma Parte Cósmica espiritualizada poderia ser preservada, graças ao espiritual humano, para a construção contínua e necessária da Criação, enquanto isso for possível.

 

Ao contrário, uma Parte insuficientemente espiritualizada, por culpa do ser espiritual-humano que ali se permite desenvolver, começaria lentamente a degradar-se assim que tivesse passado a transição cósmica.

 

“A decomposição periódica de todas as matérias em um momento preciso de sua evolução é consequência do fato de que aí se permitem o desenvolvimento dos germes espirituais humanos, que trazem em si a faculdade da livre decisão.

 

Como esta faculdade de livre decisão nem sempre escolhe o caminho ascendente em direção à Luz, ocorre uma ‘densificação’ dos materiais, indesejados pela Luz, que os torna mais pesados e os empurra para um caminho que leva-os à hipermaturidade e ao funil, que antes de tudo atua como filtro purificador, no qual, simultaneamente, ocorre a decomposição.

 

Uma Parte cósmica - ou um corpo cósmico - da matéria, na qual os espíritos humanos em desenvolvimento estão, em todos os seus desejos e vontades, sintonizados apenas com a Luz, permanece mais brilhante e, portanto, permanece mais facilmente para uma altura que, sem interrupção, é capaz de receber plenamente as Forças Radiantes vivas da Luz e, assim, permanecer constantemente fresca e saudável vibrando nas Leis da Criação, e é também por isso que não chega nem no caminho que deve necessariamente levar à hipermaturidade e decomposição.

 

Tais Partes passam, de acordo com a natureza, portanto de uma forma desejada, da Luz, acima de tudo isso.

 

Infelizmente, muito poucas Partes estão preocupadas com isso. A este respeito, é o espírito humano - que tem permissão para se desenvolver ali - quem está errado, porque ele escolheu os caminhos errados e teimosamente permanece lá apesar de todas as exortações. (Dissertação “Eu sou a ressurreição e a vida; ninguém chega ao Pai, a não ser por mim!” – Mensagem do Graal – Grande Edição – Abdruschin)

 

Esperamos que nossa Parte Cósmica Éfeso possa se erguer e perdurar, graças à colaboração dos seres humanos na Terra.