12. Téoria do nascimento da Criação

 

 

 

 

 

Nos últimos capítulos, exploramos os aneis concêntricos da Criação, descobrimos as doze Partes Cósmicas e nos aproximamos do ciclo eterno da matéria.

 

Toda essa pesquisa é baseada em uma construção particular da Criação. De fato, propusemos a hipótese de que a Criação se desenvolveu de acordo com aneis cujo raio aumenta como a raiz quadrada de números inteiros sucessivos.

 

Surge uma pergunta: como poderiam os aneis da Criação terem sido formados de acordo com este padrão particular?

 

Antes da formação de nossa Criação existia Deus e o Divino.

 

Abdruschin indica que “Deus não deixou essa irradiação atuar e ir mais além do que até o limite, em que a corrente incondicionalmente impulsionadora ainda formava uma linha reta, de maneira que a pura irradiação divina, sem resfriamento e sem os sedimentos daí decorrentes, ainda permanecesse resplandecente em toda a clareza. Isso constituía, com o próprio Deus, a esfera divina eterna!” (Dissertação “A Vida” §19 – Mensagem do Graal – Grande Edição – Abdruschin)

 

 

Representação esquemática da Esfera Divina em 3D

 

 

Nossa Criação formou-se quando Deus pronunciou as palavras “Faça-se a Luz!”. Raios Divinos então surgiram além do limite do Divino, fora da Esfera Divina. (Dissertação n°57 §20 “Faça-se a Luz!” – Ressonâncias I da Mensagem do Graal – Abdruschin)

 

Todos os raios não dispararam por toda a superfície externa da Esfera Divina, mas apenas por uma pequena parte.

 

Só eles permitiram a formação de nossa Criação, e assim como os raios são limitados, assim também é nossa Criação.

 

 

Diagrama que representa a partida dos
raios Divinos além da Esfera Divina

 

 

Não esqueça isto “A Criação, à qual pertence o espírito humano, é, apesar de sua imensa extensão, apenas uma das obras da viva Vontade de Deus [...]. Paralelamente a esta Criação, à qual pertencem os espíritos humanos, vibram ainda outras Criações, não menos imensas, de espécies completamente diferentes”. (Respostas a perguntas: "Como era antes da Criação?" Por Abdruschin)

 

Como uma obra, nossa Criação, como todas as outras, está fora da Esfera Divina e é limitada.

 

“O mundo não é infinito. Ele é a Criação, isto é, a obra do Criador. Esta obra, como todas as demais, encontra-se ao lado do Criador, e é, como tal, limitada.” (Dissertação n°20 §2 “O Juízo Final” – Mensagem do Graal – Grande Edição – Abdruschin)

 

 

Representação esquemática tridimensional de nossa
Criação fora da Esfera Divina

 

 

Devemos especificar aqui que esta representação visa compreender que a Criação está fora da Esfera Divina. A Esfera Divina é imensa em relação à Criação. Assim, a proporção de tamanho aparente não deve chamar a atenção, uma vez que não é correta em si mesma, mas só aparece devido à esquematização necessária para uma boa compreensão do seguinte.

 

Para explicar a diferença entre o Criador e sua Criação, Abdruschin nos dá o exemplo de um artista e sua obra:

 

“O artista está, por exemplo, também na sua obra, identifica-se com ela e apesar disso encontra-se pessoalmente ao lado dela. A obra é restrita e efêmera, mas nem por isso o é a capacidade do artista. Este, portanto, o criador da obra, pode destruir a mesma, na qual reside sua vontade, sem que ele próprio venha a ser atingido. Não obstante isso, continuará sendo sempre o artista. Reconhecemos e encontramos o artista na sua obra, e ele se nos torna familiar, sem que seja necessário tê-lo visto pessoalmente. Temos as suas obras, sua vontade jaz dentro delas e atua sobre nós, por intermédio delas ele vem ao nosso encontro, podendo, todavia, viver por si, longe de nós. O artista autocriador e sua obra refletem uma fraca imagem da relação entre o Criador e a Criação.” (Dissertação n°20 §7-8 “O Juízo Final” – Mensagem do Graal – Grande Edição – Abdruschin)

 

Após esta curta digressão, vamos voltar ao topo da Criação.

 

Abdruschin especifica que no ponto de origem da Criação está o Burgo do Graal. Este contém um recinto que se encontra no limite extremo da Divindade. Neste recinto está localizado, como penhor da bondade eterna de Deus Pai e como símbolo do Seu mais puro Amor Divino, bem como ponto de partida direto da Força Divina: o Santo Graal! É um cálice onde algo como sangue rubro borbulha e ondula ininterruptamente, sem jamais transbordar. (Dissertação n°44 §12-13 “O Santo Graal” – Mensagem do Graal – Grande Edição – Abdruschin)

 

Como podemos imaginar, este cálice teria um pé, como qualquer cálice ou vaso, e estaria apoiada em um pedestal. Na verdade, acreditamos que não tem pé e que simplesmente repousa sobre um ponto, no limite com a Divindade.

 

A Esfera Divina é imensa comparada ao Cálice. Nessa escala, seu limite externo aparece, portanto, como uma base plana e chata.

 

 

Vista seccional do cálice

 

 

Este cálice seria, portanto, como uma lente. Ouro muito fino, tão fino que seria semitransparente ou translúcido.

 

Os raios divinos chegam em linha reta no cálice do Santo Graal. O que acontece?

 

 

Os aneis aparecem. A criação nasce!

 

 

Vista esquemática da transmissão dos raios Divinos através do Cálice do Santo Graal

 

 

Tudo sugere que estamos na presença do mesmo "fenômeno" que Newton descobriu com sua experiência de aneis aparecendo através de uma lente que repousa sobre um vidro plano.

 

Com efeito, vimos, nos capítulos anteriores, que é possível, em óptica, observar um padrão de interferência, representando uma série de aneis concêntricos, obtido pela colocação de uma lente sobre uma superfície plana. Esses aneis, alternadamente brilhantes e escuros, centralizados no ponto de contato entre a superfície esférica da lente e a superfície plana, são chamados de anéis de Newton.

 

Para explicar os aneis escuros ou claros, deve-se entender que os raios que refletem na face convexa da lente interferem com aqueles que refletem na face superior da lâmina.

 

Uma lente convexa é colocada em equilíbrio em uma superfície plana reflexiva. Quando um raio de luz atinge a superfície inferior curva da lente, parte da luz é refletida, a outra parte atravessa a superfície e continua seu caminho até que seja refletida na superfície plana. Mais adiante, quando os raios se cruzam, eles não percorreram o mesmo caminho, portanto, não estão em fase e podem interferir. Isso é interferência por divisão de amplitudes. (Fonte Wikipédia: “Os aneis de Newton”)

 

 

Como o sistema admite um eixo de revolução, passando pelo ponto de contato, no nosso caso entre o Cálice do Santo Graal e a Esfera Divina, as franjas de interferência assim formadas são aneis centrados neste eixo.

 

A formação desses aneis, às vezes escuros ou negativos, às vezes claros ou positivos, formam os aneis concêntricos da Criação.

 

Nesta divisão dos raios Divinos em dois raios distintos que interferem um com o outro, o positivo (ou masculino) e o negativo (ou feminino) foram separados desde o início, desde o Santo Graal.

 

Na Mensagem, Abdruschin fala de cruzamentos de radiação: “...as forças circulantes têm forma em sua atividade, porém são de uma espécie diferente, que só podiam surgir por cruzamentos de irradiações. Não sabeis ainda nada disso, conquanto já conheçais muitas.” (Dissertação n°36 §14 “O círculo do enteal” – Ressonâncias II da Mensagem do Graal – Abdruschin)

 

Essa descrição pode muito bem corresponder a interferências, ou seja, às interseções dos raios de luz que ocorrem no nível do Cálice do Santo Graal.

 

Abdruschin especifica ainda mais: “Esse movimento circular tem sua origem, isto é, o seu início, na separação do positivo do negativo, portanto do ativo do passivo, que se processa no Supremo Templo do Graal e que no começo de minha preleção de hoje denominei como a mudança das correntezas, que se realiza no Templo mediante separação.” (Dissertação n°36 §15 “O círculo do enteal” – Ressonâncias II da Mensagem do Graal – Abdruschin)

 

Esta separação poderia, portanto, ser explicada claramente pela dissociação de um raio Divino em dois raios distintos, por divisão de amplitude, ao nível do Cálice do Santo Graal.

 

“Com o início do esfriamento das irradiações da Luz separa-se o positivo do negativo e formam-se por causa disso duas espécies de irradiações, enquanto que até o Supremo Templo do Graal só uma uniforme irradiação se encontra em atividade, formando a esfera divina, onde tudo que se tornou forma encerra em si, unidos harmoniosamente, o positivo e o negativo.” (Dissertação n°36 §16 “O círculo do enteal” – Ressonâncias II da Mensagem do Graal – Abdruschin)

 

Podemos pensar que todos os raios Divinos que alcançam o Cálice estão assim divididos em dois, o positivo e o negativo. E por transmissão, os raios resultantes então cruzam a Esfera Divina para fora.

 

Esta transmissão seria possível, porque Deus também destacava, com a Palavra "Que haja Luz!", uma parte do Divino no limite da Esfera Divina, ao nível do Cálice, na pessoa do Filho do Homem Imanuel-Parsival!

 

"Imanuel no Divino, Parsival no topo da Criação" permitiria este cruzamento dos raios para o exterior.

 

“O Filho do Homem se originou, sim, do puro divinal, mas ao mesmo tempo foi ligado ao espiritual consciente, de maneira a estar como que com um pé no divinal e, simultaneamente, com o outro no mais elevado espiritual consciente. Ele é uma parte de cada, e forma assim a ponte eterna entre o divinal e o ápice da Criação.” (Dissertação n°60 §12 “O Filho do Homem” – Mensagem do Graal – Grande Edição – Abdruschin)

 

O Filho do Homem sendo a ponte entre o Divino e a Criação, é, por assim dizer, o pedestal do Cálice do Santo Graal.

 

Este pedestal seria de forma retangular, na imagem da seção retangular dos caminhos do trono de Deus, onde se encontram os quatro animais Divinos. Seria de uma cor branca imaculada, como uma pedra de mármore branca pura.

 

 

Diagrama da ponte entre a Criação e a Esfera Divina

 

 

Todos os raios que passam ao lado da lente, ou seja, passam ao lado do Cálice ou do Santo Graal, não podem se dividir, interferir uns com os outros e cruzar a esfera divina. Eles são, portanto, devolvidos a Deus.

 

 

“O Santo Graal foi desde a eternidade o polo final da irradiação imediata de Deus. Um recipiente, no qual a irradiação se concentrava como sendo o último, extremo ponto, para, refluindo, tornar-se sempre outra vez nova. Em volta dele, os portais para fora firmemente fechados, ficava o divino Burgo do Graal, de maneira que nada podia passar para fora e não era dada qualquer outra possibilidade de novo resfriamento.” (Dissertação n°57 §24 “Faça-se a Luz!” – Ressonâncias I da Mensagem do Graal – Abdruschin)

 

“...como verdadeiro Burgo do Santo Graal, forma também o portal de saída da esfera das irradiações divinas.” (Dissertação n°7 §40 “Os planos espirituais I” – Ressonâncias II da Mensagem do Graal – Abdruschin)

 

Assim, podemos dizer que o Cálice do Santo Graal é o portal, assim como Parsival é o Portal puro.

 

Como lembrete, o nome Parsival significa, entre outras coisas: "De Deus ao homem", então é o portal ou a ponte que leva de Deus aos homens. Não é "o simples coração puro" mas "o Portal puro" da abertura da vida na Criação! (Em alemão, a confusão vem do artigo: "der reine Tor" (o simples coração puro) e "das reine Tor" (o Portal puro). (Dissertação n°10 §56 “Os planos espirituais II” - Ressonâncias II da Mensagem do Graal– Abdruschin)

 

Os raios Divinos não podem cruzar a Esfera Divina para fora, a menos que passem pelo Cálice. De fato, as portas são fechadas em torno do Burgo do Graal.

 

Como resultado, nossa Criação é limitada.

 

O limite é o próprio Cálice que define!

 

A Criação não pode, portanto, estender ao infinito, além das dimensões do próprio Cálice, e o número de planos ou aneis da Criação é, desde o início, determinado.

 

Além disso, a Criação que é, portanto, a projeção da divisão de raios Divinos para o exterior da Esfera Divina é plana, assim como a nossa galáxia, a Via Láctea.

 

 

Mesmo que a Criação tenha uma certa "espessura", sua dimensão vertical (sua espessura) é a dimensão correspondente à irradiação da Força Divina.

 

Apenas as duas dimensões horizontais são verdadeiramente as dimensões da nossa Criação, com todos os seus planos ou aneis, correspondendo à irradiação de Parsival e da Criação Primordial.

 

 

Assim, à imagem de Parsival, em pé em direção a Deus, como um pedestal perfeitamente vertical, os primeiros Primordialmente Criados do puro-espiritual são as colunas verticais da Sala do Graal que entornam Parsival.

 

O ser humano também é, por sua estatura vertical, espiritualmente conectado a essa estrutura particular da Criação. Pode e deve se tornar uma coluna sólida para a Criação. Vamos voltar neste ponto importante mais tarde.

 

A Criação, em sua horizontalidade, por causa da radiação horizontal das colunas verticais, é, portanto, um oceano, um mar plano, até onde os olhos podem ver, como descrito no apocalipse de João:

 

"A Criação foi espalhada na frente do trono como um oceano de vidro transparente. (...) "E eu vivo novamente a Criação implantada como um mar vítreo transparente" (O Apocalipse de João - Chamados da Criação Original - segunda parte - Edição "Der Ruf" - 1935)

 

É interessante notar o uso das palavras "vidro" "transparente". Mais precisamente, é usar os óculos transparentes em que os aneis são formados na experiência de Newton. Além disso, as palavras "oceano", "mar", "espalhada" ou "implantada", mostra o caráter plano da Criação.

 

"A experiência dos aneis de Newton", portanto, parece mostrar, em escala muito pequena, o que aconteceu quando Deus pronunciou "Faça-se a luz!”

Se esta hipótese é certa, que agora nos mostra nessa experiência, se olharmos para os aneis concêntricos, isto é, o lado ou a espessura da Criação, nós observamos isso:

 

Os aneis de amplitude zero (aneis escuros) são os aneis negativos ou femininos, os aneis de amplitude passando pelos vértices (aneis de luz) são os aneis positivos ou masculinos.

 

 

Além disso, a intensidade luminosa dos aneis, ou a amplitude da onda é maior no centro da Criação do que nas bordas.

 

“Na altura mais alta de cada um desses planos da Criação se encontra, como lugar indispensável de transição e transmissão de Força, um Burgo do Graal”

 

"Este ainda é, de mesma essência que o plano da Criação em questão, uma reprodução do verdadeiro Burgo do Graal, o mais alto, no topo de toda a Criação, que está na origem da Criação inteira, graças às irradiações de Parsival” (Dissertação “O Santo Graal” – Mensagem do Graal – Edição póstuma – Abdruschin)

 

Os Burgos do Graal estão na altura mais alta dos aneis masculinos. Localizados com flechas no diagrama a seguir:

 

 

De passagem, deve-se notar que a tradução francesa, "Mansão do Graal", geralmente usada nas traduções, traz uma imagem falsa. Aqui temos que ter na imagem um Burgo ou Fortaleza do Graal, erguido em um esporão rochoso, para se aproximar da noção.

 

Os burgos do Santo Graal situam-se no exterior e mais distante da origem, dotando assim de muralhas de proteção para o mais alto Burgo do Graal, no topo da Criação, como tantas grandes muralhas da China.

 

Como em um castelo feudal e sua série de muralhas que a cercam para sua proteção, é assim impossível cruzar as muralhas da Criação, para o ser que não é permitido, de acordo com a sua espécie e de acordo com as Leis da Criação.

 

As muralhas ou burgos estão nos aneis positivos, para a proteção e defesa ativa, são do gênero masculino. Portanto, é impossível que eles possam estar nos aneis femininos.

 

Estes estão naturalmente em alternância com os aneis masculinos e os burgos. São como fossas entre as muralhas. Estes aneis também protegem o Burgo, só que eles o fazem passivamente.

 

Pode-se pensar que contêm água, como em fossos de castelos feudais. É por isso que há ilhas nos aneis femininos (a ilha das Rosas, a ilha dos Lírios, a ilha dos Cisnes).

 

Por outro lado, nessas ilhas, há templos e castelos. No entanto, nos aneis femininos, estes não são fortificados!

 

É por isso que, quando Abdruschin fala, por exemplo, do Castelo Branco, localizado no sexto anel feminino, ele usa a palavra "schloss = castelo" e não a palavra "burg = burgo". Essa diferença é de grande importância! (Dissertação n°17 §10 “Os Planos Espirituais VII” – Ressonâncias II da Mensagem do Graal – Abdruschin)

 

Esses castelos dos aneis femininos, não fortificados, no entanto, estão completamente protegidos, por um lado pelas muralhas criadas pelos aneis masculinos, e por outro, também por seu caráter isolado, em ilhas.


 

 

Localizamos esses castelos com setas no diagrama a seguir:

 

 

Por fim, podemos notar que o príncipe Abd-ru-shin nasceu na Pérsia em um castelo forte ou fortaleza real, enquanto Nahome, ligada à feminilidade, nasceu em um templo, santuário de feminilidade, em uma ilha isolada e protegida no Nilo, Egito.

 

Não seriam duas ilustrações óbvias da estrutura geral da Criação?