11. O Ciclo eterno da matéria II

 

 

 

 

 

Podemos considerar que as Partes Cósmicas têm, até o ponto de transição cósmica, uma evolução perfeitamente normal, com a ajuda dos seres enteais, que agem estritamente na vontade de Deus.

 

Com a chegada do ser humano, é diferente. Devido ao livre arbítrio ligado ao espiritual, as Partes Cósmicas podem evoluir de maneiras totalmente diferentes. Das sete Partes conhecidas, todas têm um grau diferente de desenvolvimento.

 

No entanto, isso não está necessariamente ligado à posição mais ou menos avançada da Parte Cósmica na trajetória cíclica da matéria, mas está essencialmente ligado à ação dos espíritos humanos em cada Parte. Isso, portanto, determina principalmente o grau de gravidade ou a densidade, entre o ponto de transição cósmica e o funil de decomposição, e isso independentemente da posição no ciclo.

 

De fato, há dois parâmetros distintos ou duas variáveis que permitem localizar com precisão uma Parte Cósmica:

 

-          sua posição no anel no ciclo do tempo (independentemente do seu grau de gravidade).

 

-          e sua posição no grau de gravidade (independentemente de sua posição no ciclo do tempo).

 

A respeito de Éfeso, Abdruschin dá em particular uma indicação ao especificar que “a Terra pertence àquela parte do Universo, que equivale à segunda posição da densidade. Existe, portanto, ainda uma outra parte do Universo que é mais densa ainda, por isso também ainda mais limitada no conceito de tempo e espaço.” (Dissertação n°85 §3 “E mil anos são como um dia!” – Mensagem do Graal – Grande Edição - Abdruschin)

 

Éfeso seria, portanto, o penúltimo, seja na sexta posição (em sete) quanto à densidade, e o último, ou na sétima posição (em sete) quanto ao seu lugar no ciclo do tempo.

 

Com relação à evolução de cada Parte Cósmica, tomemos o exemplo da maçã novamente.

 

No ciclo da maçã, quando caem da árvore, ou seja, durante sua "transição cósmica", ocorrem:

 

-          maçãs que estão maduras demais e já podres,

 

-          maçãs perfeitamente maduras e saudáveis,

 

-          maçãs caídas no chão, ainda verdes.

 

Evoluções totalmente diferentes... assim como as Partes Cósmicas.

 

De volta à nossa Parte Cósmica Éfeso.

 

No anel de matéria grosseira, por alguns bilhões de anos, nossa Parte formou-se normalmente a partir da semente original. Galáxias, estrelas e planetas, incluindo a Terra, apareceram.

 

Na escala do nosso tempo, os cientistas estimam que o nosso universo tem cerca de 13.8 bilhões de anos e que a formação do Sol e da Terra data a cerca de 4.6 bilhões de anos.

 

Esta escala de tempo corresponderia à primeira metade do nosso ciclo de matéria entre o "Big Bang" e hoje:

 

 

Os cientistas ainda acreditam que o Sol está na metade de sua vida como uma estrela estável. A Terra está, portanto, também no meio de sua vida. No curso normal da matéria, isso parece inteiramente lógico, visto que agora estamos situados no nível da transição cósmica, uma transição que assim sistematicamente dividiria tudo em dois:

 

 

O ciclo completo da matéria seria, portanto, de aproximadamente 13.8x2 = 27.6 bilhões de anos, o que obviamente vai contra a teoria atualmente aceita de um universo em constante expansão, até o infinito. No entanto, mais e mais cosmologistas estão admitindo a possibilidade de um "Big Crunch" e, portanto, de uma contração e colapso do universo sobre si mesmo, o que é de certa forma o caso com a passagem do universo no funil de decomposição.

 

 

É interessante notar que o ciclo de vida da Terra então divide o ciclo completo da matéria em três partes iguais.

 

 

(Na verdade, 4.567 / 13.8 = 0,33 ou 1/3! Com 4,567 Ga = 4.567 bilhões de anos, a idade da Terra; 13.8 bilhões de anos: a idade do nosso Universo).

 

A formação / decomposição da Terra estaria assim em vibração com a Cruz na sua tripla manifestação e, em particular, com os três signos femininos ligados à Terra (ver capítulo 1). Este fato é igualmente notável.

 

 

Do nascimento à transição cósmica, a Terra teve um longo caminho evolutivo (durou bilhões de anos), com a formação de minerais, plantas e animais.

 

Um pouco antes da transição cósmica (que, no entanto, equivale a milhões de anos), os primeiros germes espirituais tiveram a possibilidade de encarnar para a sua própria evolução, a evolução subsequente da Terra e também da matéria, assim como a Criação em geral.

 

A transição cósmica também corresponde à vinda do Filho do Homem, que fecha precisamente o fim da primeira parte da matéria.

 

Abdruschin especifica: “o Filho do Homem é o mediador eterno prometido entre Deus e a Criação. Este é o último progresso para a Criação, ele é, desde sempre, previsto somente para o final da primeira parte da materialidade, quando então a Criação deve movimentar-se de acordo, com o Filho do Homem na vanguarda como eterno mediador, o qual, com isso, é e permanecerá simultaneamente o servo mais elevado de Deus.” (Dissertação n°81 §90 “Pai, perdoai-lhes; pois não sabem o que fazem!” – Mensagem do Graal – Grande Edição – Abdruschin)

 

 

Podemos ainda estabelecer simbolicamente uma semelhança com os signos do zodíaco.

 

O ponto de transição cósmico está de fato localizado sob o signo de Câncer (signo feminino da água). A estrela dos signos femininos poderia, portanto, liderar a evolução da Terra e da matéria em geral (ver capítulo 1).

 

 

É interessante notar que o evento da transição cósmica, na presença do Filho do Homem na Terra, ocorreu, na escala do nosso ano terrestre, sob o signo de Câncer, em 21 de julho de 1929, mostrando que o que existe no grande ciclo da matéria também reverberaria em ciclos menores.

 

Com relação a este dia em particular, Abd-ru-schin indicou que a base para uma nova maturidade dos Mundos foi lançada. “Um alicerce a partir do qual as convulsões decisivas deveriam se desenvolver! Nada é capaz, de fato, de desviar ou interromper o Evento subsequente, pois não foi possível perturbar de forma alguma o momento da grande transição cósmica. Tinha que ser cumprido, para que agora tudo se tornasse novo, tudo o que até agora seguiu caminhos falsos." (Discurso não publicado de Abdruschin, dado em 21 de julho de 1930, no primeiro aniversário da transição cósmica)

 

Além disso, Parsival viria para a transição cósmica e o Julgamento, como o Mediador Eterno entre Deus e a Criação, para cada uma das Partes Cósmicas.

 

“O Juízo universal em si é um acontecimento natural e a consequência do estabelecimento de uma linha reta com a Luz, o que fora realizado com a peregrinação de Parsival através das partes do Universo.” (Dissertação n°57 §57 “Faça-se a Luz!” – Ressonâncias I da Mensagem do Graal – Abdruschin)

 

Também sabemos que o nascimento de Jesus não foi o nascimento do Mediador, mas um Resgate Divino:

 

“O nascimento de Cristo não foi, portanto, cumprimento das promessas e revelações que prometeu aos espíritos humanos, como presente de Deus, o eterno mediador! Mas foi um ato de emergência divino para toda a Criação, que estava sob a ameaça de ser minada pelo espírito humano em perdição.” (Exposé n°81 §88 “Pai, perdoai-lhes; pois não sabem o que fazem!” – Mensagem do Graal – Grande Edição – Abdruschin)

 

Insistamos aqui no fato de que a vinda de Jesus foi antes de tudo um resgate para toda a Criação e não só para nós, pequenos seres humanos da Terra…

 

Quando Jesus veio, a humanidade estava quase completamente isolada da Luz. Podemos pensar que sua vinda foi uma missão de resgate para nossa humanidade. No entanto, não somos nada, somos insignificantes em relação à Criação: alguns pequenos seres humanos, perdidos na imensidão da Criação, entre os bilhões de bilhões de germes espirituais de todos os Mundos.

 

Então, por que Jesus deveria ter vindo a esta pequena Terra apenas por nós? Ele teve que vir principalmente para o resgate de toda a Criação!

 

Abdruschin deu explicações importantes em sua apresentação: “Pai, perdoai-lhes; pois não sabem o que fazem”, explicações que devemos retransmitir aqui na íntegra:

 

“Assim como o gérmen espiritual só pode penetrar na materialidade depois que o enteal tiver chegado ao seu ponto supremo no atuar, onde sem o penetrar do gérmen espiritual tem de ocorrer uma estagnação e com isso um retrocesso, da mesma forma foi atingido, antes da vinda de Cristo, um ponto aqui na matéria em que o espiritual, na perdição devido ao pecado hereditário, não podia progredir mais! O livre-arbítrio que reside no espiritual, ao invés de favorecer tudo quanto existe, havia impedido o desenvolvimento em direção ao alto, desejado na Criação, dirigiu todas as suas faculdades, mediante soerguimento do intelecto, unilateralmente só para o que é material. Este era um momento de maior perigo!

 

O enteal, sem a posse do livre-arbítrio, havia realizado mui naturalmente o desenvolvimento da Criação, portanto, com acerto, segundo a divina vontade do Criador. O espiritual, no entanto, com o seu livre-arbítrio, tornara-se incapaz para isso pelo pecado original, trouxe somente confusão e retardo no desenvolvimento contínuo da matéria. A utilização errada do poder a ele concedido para dirigir a força criadora divina, como indispensável progresso na materialidade amadurecida, teve até de levar à queda, ao invés de ao desenvolvimento máximo. Através do pecado original, o espírito humano retardou de modo violento toda verdadeira evolução progressiva; pois conquistas técnicas terrenas não são propriamente um progresso no sentido do fenômeno universal desejado por Deus! Por isso, fez-se necessário o auxílio mais urgente, a intervenção do próprio Criador!(Dissertação n°81 §82-83 “Pai, perdoai-lhes; pois não sabem o que fazem” - Mensagem do Graal – Grande Edição - Abdruschin)

 

A vinda de Jesus à Terra foi um ato que, portanto, não concerne apenas à Terra e a nós, pequenos terráqueos, mas a toda a Criação.

 

Nossa Parte, Éfeso, teria sido hipermatura, mesmo antes da transição cósmica. Essa noção de "hipermaturidade" é importante aqui. Focando apenas na matéria, superdesenvolvendo seu intelecto, os seres humanos na Criação teriam feito a matéria "amadurecer" muito antes de seu tempo... Há uma espécie de paralelo com os adolescentes de hoje, pubescentes cada vez mais cedo e ainda assim, não mais avançado espiritualmente. Ao contrário, essa "precocidade" é prejudicial à saúde e não é um progresso real.

 

Na realidade, essa maturidade precoce é encontrada em todas as idades em nossas sociedades ditas "modernas": crianças de sete anos são muito jovens, adolescentes de 15 também, bem como adultos de 30, de modo que alguns adultos de 40 anos já são "velhos", já pensando na aposentadoria com temperamento fleumático, quando esse temperamento não deveria aparecer antes dos 80 anos, e ainda mais que o ser humano, por causa da hipermaturidade, encurtou muito seu tempo, sua expectativa de vida.

 

A vinda de Jesus à Terra tornou possível puxar Éfeso para cima e, assim, manter o ciclo da matéria, caso contrário, um colapso da Criação de Éfeso poderia ocorrer.

 

A vinda de Jesus funcionou assim como um reforço ou um laço, adicionado posteriormente a uma construção para remediar suas fraquezas estruturais.

 

Um imenso ato de Amor, do Criador.